A Comissão de Diversidade, Igualdade e Inclusão (CDII) da Associação Brasileira de Linguística (Abralin) repudia, com veemência, mais uma ação violenta de discriminação racial sofrida pelo Prof. Dr. Kleber Aparecido Silva, docente negro do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas (LIP) e do Programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGL) da Universidade de Brasília (UnB), associado da Abralin.
Na tarde do dia 27 de setembro de 2022, o linguista recebeu ameaças via e-mail e, na sequência, sofreu um ataque cibernético racista em uma banca de qualificação de doutorado em Linguística na Universidade Federal do Piauí (UFPI). Diante do doutorando, José Cledinaldo dos Santos Guerrada, da orientadora, Profa. Dra. Beatriz Rodrigues (UFPI), da outra examinadora, Profa. Dra. Maraisa Lopes (UFPI) e da comunidade interna e externa ao programa de Pós-Graduação em Linguística da UFPI, o hacker interveio e verbalizou discursos violentos de cunho racista contra o prof. Kleber Aparecido Silva.
Lembramos que este é o segundo ataque sofrido pelo prof. Kleber em menos de um ano, pois em outubro de 2021 o referido docente foi alvo também de ações racistas em evento acadêmico online, sobre o qual esta CDII também emitiu nota de repúdio. Como apontamos anteriormente, o racismo antinegro diz respeito a uma prática sistemática de dominação assentada na hierarquia sociorracial. Por ser estrutural e estruturante da formação social brasileira, encontra-se no tecido social, organizando, estruturando e integrando inescapavelmente a configuração econômica, política, cultural e linguística de nossa sociedade. Deste modo, o racismo institucional “está arraigado em nosso imaginário, práticas e nas estruturas sociais” (MADEIRA, 2020, p. 146).
Nesse sentido, a Comissão de Diversidade, Igualdade e Inclusão (CDII) da Associação Brasileira de Linguística (Abralin), reconhecendo toda a força e necessidade da luta antirracista empreendida há décadas pelo Movimento Negro Brasileiro e pelos(as) pesquisadores(as) antirracistas, repudia qualquer prática racista bem como se solidariza e se irmana com o colega Kleber Silva e com os(as) demais docentes negros(as) atuantes em nossas universidades e escolas, que, por sua condição racial, vivenciam, em seu cotidiano, tal forma de desumanização de seus corpos e saberes.
Comissão de Diversidade, Igualdade e Inclusão (CDII)
30 de setembro de 2022.