A Comissão de Diversidade, Igualdade e Inclusão (CDII) da Associação Brasileira de Linguística (Abralin) repudia a ação violenta de discriminação racial sofrida pelo Prof. Dr. Kleber Aparecido Silva, docente negro do Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas (LIP) e do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade de Brasília (PPGL/ UnB), associado da Abralin.
Na manhã do dia 4 de outubro de 2021, o renomado linguista promovia um evento acadêmico online no campo da Linguística Aplicada Crítica que tinha como tema o antirracismo. A reunião foi invadida e diante de centenas de participantes de IES brasileiras e estrangeiras, dentre elas o Prof. Dr. Joaquim Dolz (Universidade de Genebra) e o Prof. Dr. Lynn Mário Menezes de Sousa (USP/CNPq), o prof. Kleber Aparecido Silva foi alvo de comentários racistas violentos que tinham por objetivo inferiorizá-lo e humilhá-lo por conta de seu pertencimento racial, de sua fenotipia como homem negro.
Tal ato não só feriu este docente negro, mas toda a população negra brasileira, uma vez que o racismo antinegro é uma forma sistemática de dominação que tem na raça, na hierarquia sociorracial entre corpos lidos socialmente como negros e brancos o seu fundamento. Por ser estrutural e estruturante das relações sociais, o racismo antinegro não está apenas no nível do preconceito individual no qual um sujeito branco (branquitude), a partir de um conjunto de crenças e valores, deprecia, estereotipa, inferioriza e humilha corpos negros. Na verdade, o racismo antinegro encontra-se no tecido social, organizando, estruturando e integrando inescapavelmente a configuração econômica, política, cultural e discursiva de nossa sociedade. Deste modo, enquanto racismo institucional, “está arraigado em nosso imaginário, práticas e nas estruturas sociais” (Madeira, 2020, p. 146).
Nesse sentido, a Comissão de Diversidade, Igualdade e Inclusão (CDII) da Associação Brasileira de Linguística (Abralin), reconhecendo toda a força e necessidade da luta antirracista empreendida há décadas pelo Movimento Negro Brasileiro, se solidariza e se irmana com o colega Kleber Aparecido Silva e com toda a população negra no Brasil que, por conta da combinação mortífera entre racismo antinegro, COVID-19 e neoconservadorismo autoritário, tem visto vidas negras sendo ceifadas. Tal fato é demonstrado pelo aumento do mapa da desigualdade sociorracial de nosso país, uma vez que negras e negros são o público mais exposto à COVID-19, devido a sua condição de fome, pobreza, desemprego e residência em regiões periféricas.
Comissão de Diversidade, Igualdade e Inclusão (CDII)