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Na noite de terça-feira, 6 de abril, faleceu o Prof. Dr. Pieter Muysken, depois de uma luta curta e cruel com um câncer incurável e muito agressivo. Pieter Muysken foi um dos linguistas mais produtivos e amáveis dos nossos tempos. Nascido em uma família holandesa expatriada em Oruro, na Bolívia, as suas primeiras línguas eram Quechua, o Espanhol e o Holandês.

Estudou na Universidade Yale e na Universidade de Amsterdam, na qual defendeu sua tese sobre o sintagma verbal no Quechua de Equador, em 1977. Foi professor catedrático de Linguística Geral na Universidade de Amsterdam, em seguida na Universidade de Leiden e, posteriormente, na Universidade Radboud, em Nijmegen. Pieter tinha uma inteligência excepcional. Com centenas de publicações e inúmeros orientandos de vários países, impulsionou o avanço da linguística moderna e a formação de profissionais em uma grande diversidade de áreas afins.

Pieter Muysken fez contribuições pioneiras e determinantes na Linguística Gerativa, Linguística Histórica, estudos de contato linguístico, linguística areal, bilinguismo, code-switching, línguas crioulas, pidgins e mistas, línguas andinas e amazônicas, e a estudos de fontes antigas de línguas crioulas e andinas. Por mérito, conquistou vários prêmios de prestígio internacional, entre os quais o Prêmio Spinoza, em 1998, a mais alta condecoração científica dos Países Baixos, com os quais ele apoiou alunos e projetos, inclusive no Brasil. Pieter foi um homem honesto, muito generoso, gentil e amável. Avesso a elitismo e arrogância, estava sempre animado e disposto a ajudar com ideias e soluções, tanto no nível profissional quanto pessoal. Muito mais que um colega, foi um grande amigo, um homem exemplar.

É difícil avaliar a lacuna que o Pieter Muysken deixou com sua partida, mas o legado científico e o exemplo de vida que nos deixa o eternizam. “Hay hombres que luchan un día / Y son buenos. / Hay otros que luchan un año / Y son mejores. / Hay quienes luchan muchos años / Y son muy buenos. / Pero hay los que luchan toda la vida: / Esos son los imprescindibles.” (Bertolt Brecht). Pieter Muysken foi, em vida, um de “los imprescindibles.” Quem teve o privilégio de conhecer ele de perto sabe disso. Que tentemos seguir o exemplo dele.